FANTASMA

Ao outro me posto sensível

Seu fantasma se manifesta

A todos invisível

Ao aparecer, faz a festa

QUEM É IMUNDO?

O sujeito imundo
No mundo
Enterrado no fundo
Profundo
Embaixo da terra
Encerra

QUEM SOU EU?

Parte de mim se foi
Permaneceu somente eu
O que se foi se perdeu
Agora sobrou apenas eu

LUTO

Pairando pelo desconhecido
Permito que os dias simplesmente passem
Minuto após minuto
Sinto falta do não vivido
Do que vivi estou em luto

O POETA

O poeta
De tempos em tempos
Desaparece
Aparece

A CAIXA HIPNÓTICA

Cansei do mundo através da tela
Assisti reportagens demais
Diversos debates políticos
Programas gratuitos eleitorais

MENSURAÇÃO DO EU

Sou, de tudo, a medida
Mundo dentro de mim
Construo porta de saída
Mundo parte de mim

MATO DO ASFALTO

Sinto cheiro de mijo
Cidade imunda
Lava-se todos os dias
Cidade fétida

BICHO QUE RASTEJA

Bicho que rasteja
Pelo asfalto e prédios
Casas lojas fábricas
Barracas gritos buzinas

VERSOS

Muitos versos choraram
Poucos versos riram
Muitos amaram
Outros nem existiram