quinta-feira, 18 de setembro de 2008

SINTO FALTA

Sinto falta...
Dos filmes que não assistimos
Das músicas que não ouvimos
Das viagens que não fizemos
Das conversas que não tivemos
Dos filhos que não idealizamos
Dos passeios que não compartilhamos
Das brigas que não vivenciamos

Sinto falta de mim em você
Sinto falta do seu carinho
Sinto falta do seu beijinho
Sinto falta do seu afeto
Sinto falta de você por perto
Sinto falta da nossa diferença
Sinto falta que você me convença
Sinto falta do seu jeitinho
Sinto falta do seu carinho

Sinto falta por não ser completo
Sinto falta de você por perto
Sinto falta e fico quieto
O relacionamento era só um feto

A falta me mantém em movimento
Talvez em algum momento
Você supra essa falta
E minha terapeuta me dê alta

Sei que digo torto
Admito que eu queria terminar
Hoje prefiro-me morto
A ter que - essa falta - suportar
A morte é uma idealização
Enquanto vivo rogo a morte
Por um simples corte
Provoco a cisão
Mantenho-me na escuridão

Respeito a poesia
Sua infinita mestria
Sua força, seu poder
Faz-me forçosamente ver
O submundo da minha mente
Ajuda-me a limpar
Os porões do meu inconsciente
Faz-me consciente
Da falta que eu tenho que suportar

Sinto falta da sua carência
Sinto falta da sua organização
Peço a você: clemência
Reconsidere minha paixão

Vivo a patologia
Da forma mais doentia
A ostento e coloco em questão
O que é ser mortal?
O que é ser normal?
O que é ser são?

De Tanatos e Eros : sou fruto
Sou produto
Vivo a pathos
Escondido pelos matos
Sou ódio e amor
Rejeito toda a crença
O que minha cabeça pensa
Toda experiência
Respeito a dor
Não creio nem na minha existência
Mas acredito na força do amor